O protocolo IPv6

Para ultrapassar o esgotamento de endereços IP, foi introduzido um novo protocolo IP, chamado então IPng (Internet Protocol new generation), que resultou no que hoje é o IPv6. Algumas soluções temporárias foram também desenvolvidas para permitir que a internet continue a crescer.

CIDR: Esta solução, eliminou o sistema de classes, permitindo segmentar endereços que variavam o tamanho de acordo com a necessidade. Possibilitou uma utilização mais racional do espaço para endereçamento e tornou possível a associação de prefixos nas tabelas de roteamento, cujo crescimento também estava bastante acelerado.

RFC 1918: Determinou três faixas de endereços privados, não válidos na Internet, para utilização em redes corporativas.

NAT: Esta técnica permite que, com um único endereço válido na Internet, toda uma rede de computadores, recorrendo a endereços privados não válidos na Internet, seja parcialmente conectada.

DHCP: Este protocolo permitiu atribuir endereços IP dinâmicos. Com esta inovação, surgiu a possibilidade dos provedores de internet reutilizarem os endereços fornecidos aos clientes para conexões não permanentes. Pode consultar aqui o nosso artigo sobre o funcionamento do DHCP.

Apesar destas tecnologias terem adiado o esgotamento dos endereços IP, deixaram de ser suficientes com o rápido crescimento da Internet.
Como é possível verificar, existe hoje uma procura muito grande por endereços IP. Por isso, é necessário uma solução definitiva para a sua escassez que possa garantir que a Internet continua a crescer e o surgimento de novas redes interligadas, novas empresas e negócios, novos utilizadores, novas aplicações (como redes 3G e internet em dispositivos móveis).
Há quem pense que intensificar a utilização do NAT pode garantir o crescimento da rede. Isso é possível mas ia acabar por prejudicar o desenvolvimento de novas e diferentes aplicações para a Internet. O NAT é bastante útil, mas traz vários problemas para a Internet. Existem, ainda, aqueles que defendem um esforço para recuperar os endereços desperdiçados nos primórdios da Internet. Isso era algo muito difícil porque exigia que se alterasse completamente todos os endereços IP de grandes empresas mundiais. Além disso, apenas adiaria o problema por algum tempo. Se não for encontrada uma solução definitiva, pode ser que algumas empresas com um vasto número de endereços IP passem a vendê-los como mercadorias, o que resultava no aumento do custo da Internet.
É importante entender que a Internet continuava a funcionar mesmo sem novos endereços IP. Entretanto, o seu crescimento estava bastante dificultado, O novo protocolo IPv6 é a solução definitiva para esse problema, e vamos falar sobre isso mais à frente.

O IPv6 foi desenvolvido para resolver definitivamente essa questão da escassez de novos endereços IP públicos, e também traz uma série de avanços. O infortiques vai dar-lhe a conhecer um pouco mais sobre este novo protocolo Internet:
As técnicas criadas no início da década de 1990 foram bastante eficazes e permitiram que houvesse tempo suficiente para criar um novo protocolo para a Internet. Desenvolvida ao longo de mais de 10 anos, a versão 6 do protocolo IP, ou IPv6, baseia-se nos mesmos princípios do IPv4, mas procura corrigir todas as lacunas do seu antecessor.
A principal diferença do protocolo IPv6 em relação à versão 4 é a maior capacidade de espaço para endereçamento, aumentando de 32 para 128 bits. Só com esta diferença, toda a necessidade atual e futura da internet será preenchida. O espaço total para endereçamento do IPv6 é capaz de fornecer 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 endereços. Isto representa algo como 79 triliões de triliões de vezes a quantidade de endereços disponíveis no IPv4, ou aproximadamente 5,6 x 1028 endereços por pessoa.
É importante salientar que o IPv6, ao contrário do que acontece com o IPv4, reserva metade dos bits para endereçamento local. Sendo assim, são possíveis 18.446.744.073.709.551.616 redes IPv6 na Internet. Cada qual com a mesma quantidade de dispositivos.

Além dessa quantidade quase ilimitada de endereços, o novo protocolo procura:
  • Definir uma arquitetura hierárquica na Internet, possibilitando um encaminhamento mais eficaz dos pacotes de dados; 
  • Facilitar a distribuição de endereços estáticos (fixos) e válidos para conexões DSL, cabo e telefones móveis; 
  • Fornecer endereços válidos na Internet para todos os dispositivos conectados a ela; 
  • Utilizar a arquitetura end-to-end; 
  • Eliminar os problemas associados ao NAT.
Problemas relacionados com a segurança também foram revistos. O suporte ao protocolo IPSec passa a ser obrigatório, fazendo parte do próprio protocolo IPv6. Isto permite aos administradores de rede ativar o IPSec em todos os dispositivos da rede, tornando-a mais segura. O IPSec é capaz de garantir autenticidade, privacidade e integridade dos dados na comunicação
O protocolo ICMP (Internet Control Message Protocol) também foi alterado e torna-se mais eficaz.
Isto possibilitou incluir novas funcionalidades no IPv6 e melhorar outras, como: Mecanismos de auto-configuração de endereços, descoberta de vizinhança (Neighbour Discovery) e gestão de grupos multicast.

Outras vantagens apresentadas pelo IPv6 que podem ser destacadas são:
  • O suporte a conexões móveis foi melhorado e agora é parte integrante do protocolo IPv6. Esta funcionalidade permite que um utilizador se desloque de uma rede para outra sem alterar o seu endereço IP; 
  • Com o IPv4, cada router pode fragmentar os pacotes de dados durante o seu caminho, sendo que esse processo pode ser realizado diversas vezes dependendo do esquema da rede. No IPv6, a fragmentação é realizada apenas na origem, o que acaba por agilizar o roteamento dos pacotes.
Com todas estas mudanças, é preciso entender que o IPv6 não é somente um upgrade de IP. Trata-se de um protocolo totalmente novo, com características e funcionalidades novas. É por isso que para implementar o protocolo IPv6 é necessário mudar muita coisa, especialmente em routers, switches, firewalls, sistemas operativos e noutros programas genéricos de computador.

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